A noite da vida
Devemos ter consciência de que Jesus sempre está passando
Marcos narra um episódio interessante e cheio de simbologia sobre o encontro de Jesus com o cego Bartimeu (Mc 10,46-52). O homem está sentado à beira do caminho, ouviu falar de Jesus, porém não conhece seu rosto. A vida deste homem é sempre noite e por isso, não pode segui-Lo. Está à margem da sociedade como tantos outros leprosos, prostitutas, pagãos por causa de sua condição. O cego representa a categoria de pessoas alienadas, apáticas, acomodadas diante das urgências, desprezadas, com baixa autoestima e dependentes dos sistemas. É um homem sem alegria.
No entanto, Jesus chama Bartimeu à sua presença e lhe faz uma pergunta decisiva: “O que queres que eu te faça?”. O homem poderia ter pedido melhor posição social e reconhecimento das pessoas, mas pediu o essencial: “Mestre, que eu veja!”. Pediu a cura para sair de sua realidade e começar um novo ciclo. Pediu a luz para ter uma vida melhor.
A impressão que se tem, “é que muitos de nós vivemos numa espécie de “catarata crônica” onde deixamos de enxergar o vital, confundimos a realidade com a fantasia, a alegria com a felicidade momentânea, a paz interior com os fogos de artifício que faz alarde” (Enzo Bianchi).
A cegueira é sinônimo de apagar a fé no coração, é viver como se fosse noite eternamente dentro de uma religião convencional em que não se escuta a voz de Jesus com humildade. Quando deixamos de ver como Jesus vê as pessoas é porque já perdemos a meta. Necessitamos ser curados praticando a bondade.
Devemos ter consciência de que Jesus sempre está passando e não podemos deixar de ir. Talvez fosse necessário gritar forte “Jesus, tende compaixão de mim”, para despertar e dar um salto qualitativo diante das oportunidades. Ver é simples, custa pouco, é natural, porém, muitas vezes deslizamos para os raciocínios e permanecemos na escuridão. Busquemos a nova visão da fé para ver a beleza divina que nos resgata e salva.
Paz e bênçãos!
Comments