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Foto do escritorJoka Madruga

Três exemplos de Santa Teresa de Jesus

Doutora da Igreja

imagem de Santa Teresa de Jesus, segurando numa mão uma pena e na outra um caderno de anotações. Ela é doutora da Igreja.
Imagem de Santa Teresa de Jesus na Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, em Curitiba. Foto: Joka Madruga

No dia 15 de outubro a Igreja celebra a memória de Santa Teresa de Jesus. Seu nome de família é Teresa Sanchez de Cepeda y Ahumada. Nasceu em Ávila, Espanha, em 1515. Aos 20 anos entra no Mosteiro da Encarnação e após alguns anos lutando contra doenças e contra sua inconstância na busca de Deus, decide determinar-se na vida de oração, até que sofre uma profunda conversão aos 39 anos de idade.


A partir disso cresce cada vez mais na intimidade com Deus e sente-se inspirada a iniciar um novo ramo na Ordem do Carmo, fundando o Carmelo Descalço. O primeiro mosteiro foi fundado em 1562 e nos vinte anos seguintes Teresa erguerá outros 16 Carmelos. Também foi responsável pela reforma dos frades juntamente com São João da Cruz, que deu início ao ramo masculino dos Descalços em 1568. Santa Teresa faleceu em Alba de Tormes no dia 15 de outubro de 1582.


Santa Teresa foi proclamada Doutora da Igreja em 1970, pelo Papa Paulo VI. A primeira mulher a receber o título, seguida de Santa Catarina de Siena. Seu magistério foi reconhecido desde cedo por grandes teólogos da Igreja e por isso seus escritos tornaram-se referência para a teologia espiritual e para a pedagogia da oração. Seus escritos são obras escritas a partir da experiência, descrevem aquilo que viveu e o modo como compreendeu a ação de Deus em sua vida.


Destacamos três elementos centrais da doutrina teresiana:


1. Amizade com Deus

Para Santa Teresa a vida de oração é fundamentalmente uma relação de amizade: “Para mim, a oração mental não é senão tratar de amizade – estando muitas vezes tratando a sós – com quem sabemos que nos ama.” (Vida 8,5).


A oração de Santa Teresa é também marcada pela simplicidade. Teresa fala de sua dificuldade que tinha em fazer grandes considerações em seus momentos de meditação e pede às irmãs que tenham Cristo sempre presente junto a elas:


“Que melhor companhia que a do próprio Mestre que ensinou a oração que ides rezar? Representai o mesmo Senhor junto de vós e vede com que amor e humildade Ele vos ensina [...]. Não vos peço agora que penseis Nele nem que tireis muitos conceitos nem que façais grandes e delicadas considerações com vosso entendimento, peço-vos apenas que olheis para Ele.” (Caminho de Perfeição, 26, 2.3).

Essa relação de amizade com Deus é mantida pela vivência das virtudes evangélicas, ou seja, dentro de uma vida desapegada dos bens e fortalecida com a caridade fraterna.


2. A humanidade de Cristo

Santa Teresa apresenta a humanidade de Cristo como caminho para a união com Deus. Dado que somos chamados a uma relação de amizade com Cristo, é necessário conhecê-lo, através da meditação dos Evangelhos, da meditação da Paixão de Jesus e por meio da Eucaristia.


“E vi com clareza, e continuei a ver, que Deus deseja, para O agradarmos e para que nos conceda grandes favores, que os recebamos por meio dessa Humanidade sacratíssima, em que Sua majestade se deleita.” (Vida 22, 6).

3. A dimensão apostólica da vida contemplativa

Ao fundar os mosteiros de monjas carmelitas descalças, Teresa não estava preocupada apenas com a perfeição pessoal de cada monja, mas sobretudo com o bem da Igreja. Teresa tem notícia das divisões que ocorriam dentro da Igreja em sua época e volta sua preocupação em formar grupos que fossem fieis a Cristo e a Igreja, oferecendo suas orações e sacrifícios nessas intenções. “Essa é a vossa vocação; esses devem ser os vossos cuidados e os vossos desejos; empregai aqui as vossas lágrimas e para isso dirigi vossos pedidos. (...) O mundo está sendo tomado pelo fogo; querem voltar a condenar Cristo, como se diz, pois se levantam mil testemunhos falsos, pretendendo derrubar Sua Igreja.” (Caminho de Perfeição 1,5).


Teresa também volta sua atenção para a salvação das almas que morriam sem ter sido evangelizadas.


“Deus me deu essa inclinação, já que, acredito eu, Ele valoriza mais o esforço e a oração para ganharmos para Ele uma alma, por Sua misericórdia, do que todos os outros serviços que Lhe possamos prestar.” (Fundações 1,7).

Peçamos a intercessão de Santa Teresa para que possamos aprender seu caminho e viver em profundidade a vida de oração e intimidade com Deus e a buscar juntos o bem de toda a Igreja. Santa Madre Teresa de Jesus, roga por nós!


Frei Lucas Missio, OCD

Ordem dos Carmelitas Descalços

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